sábado, 16 de julho de 2011

Lacuna

Muitas coisas me levam até você, desde o caminho que percorro até as coisas que eu me privo de fazer e  não consigo. Como um leão adormecido te tranquei na parte mais obscura do meu peito... lugar que evito passar ou permanecer por muito tempo. Como um ser desprovido de vida, enterro meus sonhos que não deram certo junto a esperança que não sobreviveu ao tempo. Todos os dias acordo e luto para me sentir feliz... sentimento inconstante... que vem aos pedaços. Vivemos medindo o nosso orgulho, maltratando-nos por conceitos, que diferença que faz quem tem a razão quando o feito é de coração? Tua distância me assusta... e me afasta ainda mais... embora tenha sido o teu silencio que marcara as cicatrizes mais profundas da minha alma. Na verdade, não entendo o meu silêncio, em como nada consigo dizer, por ainda estar tentando digerir todas as frases duras que me dissera...  ou que não precisastes dizer. E ainda me tratas como se fosse incapaz de perceber minha dor... Finjo-me então, ser uma criatura invisível, sem sentimentos, sem necessidades, que não precisa de carinho ou atenção. Assim mostro meus dentes num falso sorriso, sentindo o peso das escolhas e dos passos errados que dei pelo caminho... porque tudo que é bom sempre acaba depressa...  pelo menos para mim tem sido assim... os sonhos não duram muito tempo... quando acho que não tem nada que vá mudar o que  sinto... o despertador da realidade toca e toca tão alto que é quase impossível não sentir a dor que me invade as têmporas... momento decisivo... ou acordo  para tal ou ensurdeço/enlouqueço de vez. Eu decidi acordar... sei que nada tenho e não sei como perder aquilo que não tive... ás vezes ainda me pego na ilusão de que tenho as coisas que me emprestaram... sinto uma nostalgia quando percebo o vazio das circunstâncias, mas acho que já sofri tanto, que parece que mesmo assim, não quero mais - nem - as coisas que já tive... Não sei se tentar esquecer certos fatos tem me ajudado, pois todas as vezes em que tentei, acabei na contramão... Maldita esperança... que parece mais uma brincadeira que meu desespero cria para me enganar, por alguns  instantes acredito que tudo pode mudar ou voltar a ser um dia... engano. Acabo por viver uma lacuna... sinto que apertaram o pause da minha vida e não consigo seguir... tão pouco voltar para trás. Queria ao menos sentir raiva... quem sabe assim ficaria mais fácil, mas a  verdade é que nem isso eu sei fazer.



Camila C. Schossler

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