terça-feira, 31 de maio de 2011

Amizade

Revi alguns amigos das antigas... E foi tão bom perceber que o que nos unia há alguns anos atrás, ainda estava intacto. Rimos do passado, falamos sobre o presente e até mencionamos alguns planos futuros... Mas o que me tocou mesmo... Foi que em um momento, enquanto alguns falavam sobre alguma coisa qualquer que eu não prestava atenção... Um deles sentou ao meu lado e me abraçou dizendo: - Camila olha á tua volta, quantas pessoas gostam de ti e te querem bem. Não perde tempo pensando no que foi ou no que poderia ter sido e verás que tudo vai dar certo. Na hora eu não entendi... Mas assim que ele foi se afastando de mim, pude ver em seus olhos o quanto me conhecia... Talvez naquele momento ele me conhecesse melhor do que eu mesma... Primeira coisa que passou na minha cabeça: Porque cargas d'água me dissera aquilo? Eu achava que estava tudo bem... Mas me mostrara que a única pessoa que eu conseguira enganar... Foi á mim... Não consigo lembrar...  Quando foi que me perdi?  Em que momento da minha vida eu me esqueci de mim? De quem eu sou... Das coisas que eu gosto... Das pessoas que me fazem realmente bem? O silêncio entrou gritando na pequena sala em que estávamos... Olhei aqueles rostos e não puder fazer outra coisa além de sorrir... E meu sorriso se refletiu no rosto de cada um deles... Um dos melhores momentos da noite. Afinal, não havia lugar algum - naquele momento - que eu preferiria estar, se não ali.  Com os meus amigos, pessoas que realmente me conhecem, que realmente me fazem bem... Pessoas que mesmo quando eu não sei explicar o que se passa comigo, conseguem ultrapassar qualquer imagem que eu esteja projetando e me fazer ver como eu estou de verdade ou onde está meus erros quando eu já não o consigo.  Cheguei em casa com uns dez quilos a menos e uma cara de - achei um "trevo da sorte." Talvez eu não quisesse enxergar... Mas o - mau- que me afligia era causado por mim mesma... Que me apegava a coisas que não me faziam bem e que me impediam de viver da maneira á qual eu estava acostumada... Pude me sentir “eu” novamente... E como é bom... Tinha me esquecido de como era sorrir de verdade... Sorrir por sentir-se alegre... Rir sem pensar em nada... Apenas sorrir. Falamos de tantas coisas legais que já vivemos... Nossa... o tempo passa e a gente nem percebe... Só posso agradecer por ter amigos para me fazer lembrar e - ou - me dar uma sacudida quando preciso. 

Camila C. Schossler

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Anjo meu

Não existe espelho no MUNDO que mostre uma imagem tão linda quanto a tua - disforme - em um ultrassom. É indescritível a sensação de te sentir despertar... Alegra meu dia. Já reconheces minha voz e parece entender os meus sentimentos... Temos longas conversas... Não sinto-me só. Não mais.  Hoje cantei para você e em meio à canção me fizestes uma surpresa... Não existe sentimento maior - do que esse - que flui de mim para você e agora também de você para mim... Junto ao meu sorriso formaram-se lagrimas... Não contive a emoção, mas consegui seguir cantando... É impossível esperar o meu amanhã sem você... Devolvestes a vida á minha vida. Anjo meu... És a razão do meu viver. 

Camila C. Schossler 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Vento da lembrança

“ Madrugada ecoando. Em meus vãos, há mais de ti, do que imaginara. Recordo-me quando o desejo conduzia tuas mãos ao meu cabelo... Dos tremores, sussuros... Do suor, mãos descompassadas, teu toque, dedos que sabiam de cor os contornos do meu corpo... Da minha boca que te invadia sem receios e impregnava em mim teu gosto, teu cheiro, teu rosto... Da tua voz que ressoava dentro de mim... Palavras que tornavam-me flexivel aos teus comandos.  Do teu sorriso largo e  olhar malicioso que tornava - ainda mais difícil - resistir aos teus apelos. O tempo passou, muito foi dito e de variadas formas... Mas saiba que - ainda - tenho muito preso dentro de mim... Sinto medo quando o vento da lembrança traz você e mantém-te no meu pensamento... Embora, não o tenha como antes... Medo por talvez saber - hoje - ao certo, o que é - o que foi e o que poderia ter sido diferente e igual em mim e em você. " 

Camila C. Schossler

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quarto da bagunça

Sentindo a necessidade de mudar... Resolvo fazer uma “faxina”. Separar as coisas boas das que já não me são úteis. Apego-me tanto as coisas que vou simplesmente empilhando-as em um canto qualquer. E quando menciono “apego”, não me refiro só a coisas matérias, falo de sentimentos, de pessoas... Analiso cada item e me perco na bagunça que se estende por todos os cantos... Tudo empilhado, amontoado... Um monte de coisas que me parecem úteis, mas que eu não deveria guardar. Me apavoro com o acúmulo de “coisas” que deixei juntar. Coisas que eu não precisava, mas ali as mantinha...  No meu coração, que mais se parecia com o “quarto da bagunça”onde fora juntando coisas “úteis” que não serviam para nada.  Sentimentos, perdões que não foram dados, problemas mal resolvidos e outras coisas que eu julgava ter algum valor, mas que para o coração já não se fazia necessário... Não da maneira que ele esperava. Ao longo do tempo fui me acostumando a guardar coisas que enferrujavam e acabavam estragando outros sentimentos... Assim às guardei sem perceber... Encontrei coisas que com o passar do tempo se tornaram “de muita estimação”, coisas das quais ainda luto para desfazer-me. Sei que devo fazê-lo, que devo retirar do “quarto da bagunça” as coisas que não servem mais, deixa-lo limpo e organizado para abrir espaço á “coisas” novas.  Quem sabe logo após a limpeza eu já comece amontoar coisas novamente, mas prometo que será só ate ter tempo para uma nova “faxina”. 

Camila C. Schossler

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Espelho

Hoje me olhei no espelho e deparei-me com uma mulher... A exatidão de paz e serenidade que seu rosto transmitira era contagiante. Após um tempo de olhar fixo aos dela, percebi um brilho familiar... Pude ver as marcas da sua história, das suas vitorias e senti-me feliz... Era minha história. Minhas vitórias. Consegui ver além.  Consegui olhar no espelho e (re)encontrar a minha alma, minha esperança... Uma nova mulher...  Com um desejo eterno de sonhar com coisas boas... Uma mulher que acredita na vida, nos resultados de suas escolhas.  Encontrei em mim uma nova razão para continuar.  Pude ver que levantar bandeiras diferentes e utópicas não me fizera mal algum... Senti uma vontade exagerada de pegar meu pincel e aquarela e pintar tudo a minha volta. Abri as janelas do meu quarto e então vi um céu azul, pude sentir os raios de sol tocanto meu rosto. Abandonei então o pijama velho que fora meu uniforme durante os últimos dias e me vesti com roupas alegres. Pude sentir tensão pela vida novamente... Ainda me arrepio com o soprar do vento... Mas sei que posso beijar o colorido do céu... Escorregar nas estrelas... Deitar na Lua e acenar para o Sol... Admito que ouvir o murmúrio do vento á noite ainda me abala... Mas como uma folha solta, deixo-me levar pelo sopro da vida... 

Camila C. Schossler

terça-feira, 17 de maio de 2011

Desabafo

As pessoas andam me dizendo que o “segredo” é não deixar que percebam minha tristeza... Que a vida é assim mesmo, as “pessoas” só dão valor quando perdem. Estão me pedindo para mentir? Fingir? Tudo bem, ai eu minto, disfarço, represento... Engano a todos, ou melhor, á “quase” todos... Não acho que vala a pena viver um dia de mentira porque não consigo me adaptar á verdade. Será que seu eu fizer isso estarei sendo esperta, ou estarei acabando com as chances de superar e ser feliz? Então, vejam! Estou feliz! Saio com meus amigos, me divirto com suas piadas... Vou a festas. Ando cantando pelas ruas. Mostro a todos que estou feliz e pronto. Agora me digam, e depois? E quando a noite vier? E quando eu estiver no meu quarto e as luzes estiverem apagadas? E quando não tiver mais ninguém que vá me julgar como fingirei a mim mesma que esta tudo bem? Terei eu forças de manter a mascara sorridente que esconde meus olhos vermelhos? Então eu respondo. E se eu não me importar? Se não tiver “medo”? E se eu achar mais “correto” dizer a verdade mostrar o que realmente sinto. De verdade, não o que eu aparento ser nas coisas que escrevo, ou nas minhas fotos, ou musicas que ouço. E se me perguntarem como eu estou se estou triste e eu simplesmente disser “Sim, estou triste, estou sofrendo. É isso dói. É, pois é não me sinto feliz.” Pronto. Um curto desabafo, mas que certamente pode mudar tudo. A começar por mim mesma. Gosto de ser “eu” da minha maneira. Acredito que posso ser feliz sendo triste. E sabe por quê? Porque é uma tristeza sincera, transparente. Prefiro manter a ferida exposta, não me importo que os outros a vejam o importante é que eu á veja e consiga acompanhar a sua cicatrização. Afinal, a felicidade e a tristeza, ambas são passageiras. Ninguém é feliz o tempo todo tão pouco o oposto. Até me deu vontade agora de chegar para essa pessoa e dizer: “Psiu. Eu sofro porque sinto tua falta todos os dias.” Se eu conseguisse fazer isso, ai sim, minha posição estaria definida. Não me sentiria mais uma agente dupla nessa situação. Caberia à outra pessoa decidir. Talvez eles até estejam certos, talvez por saber que eu estou aqui, esperando, faça com que não me valorize, ou não me queira naquele momento como um pássaro que deixa o galho de uma árvore, mas que sabe que o galho estará lá quando anoitecer, ou quando precisar. Porém, existe também outra possibilidade. Existe a chance de a outra pessoa descobrir a verdade, que na verdade, ela achava que era mentira. E sabe o que é mais curioso? É que de repente ela esteja na mesma situação. Sublimando as mesmas coisas, se escondendo por traz de um sorriso radiante. Talvez isso, seja tudo maluquice da minha cabeça. Talvez eu devesse mesmo ser turrona, endurecer meu coração e mentir deslavadamente. Afinal, se tudo der errado, o máximo que pode acontecer é eu morrer sem ter dado a chance de outra pessoa saber o que eu realmente sentia. 

Camila C. Schossler

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Reticências

Hoje me questionei se nossa história realmente existiu... Não existem provas, fotos íntimas, cheiro no travesseiro, lençóis rasgados ... Não houve comemorações, troca de presentes, cartas... Não houve brigas, reconciliações... Nunca fiz você chorar de saudades... Nem me fizestes chorar por crise de ciúmes... Não conheço tuas manias, não sei de cor teus defeitos, não conheço todas tuas qualidades... Embora, não posso negar, você faz parte de mim... Carrego parte de ti... Mas tu sabes contar bem, então me diz: Quantos dias couberam nesse nosso tempo? E quantos mais teremos, nós? Nós... Não sei se o plural cabe aqui... Nesta história ás avessas... E tão peculiar é ela, ou somos nós, ou sou eu, que até hoje, mesmo depois de tanto desencontro, tanta distância, ainda tenho a sensação de abismo ao te ver. Maturidade, tempo, sentimento... E tudo que deveríamos ter e não tivemos, são como milhares de pontos de afastamento. Pois é, também não conhece meus defeitos, minhas manias... Escrever é só um deles... Tentar ter... Pensar em ter... Você. Não sabes que coço a cabeça quando nervosa, ou que mordo os labios, ou que choro como uma louca em filmes, que as vezes rio sozinha  de coisas bobas que não tenho coragem de revelar... Coisas que fazem parte do meu mundo particular.   Pinto só quando tenho inspiração. Danço para passar o tempo. Ouço musica para refletir. Não sabes que cantarolo o dia inteiro quando estou alegre.  Que só leio revistas de traz pra frente. “Prenúncio de final cujo início nunca existiu.” Diriam os supersticiosos. Será verdade? Eu quis começo, meio, fim, recomeço... Não, fim não. Tanto que para o fim de uma história chegar, é preciso que o autor  escreva um, que coloque um ponto final.  Por isso acho que prefiro as vírgulas... Foi o que aconteceu aqui, foi o que fizemos, ou que eu fiz... Vírgulas... Mas também não ficou bem... Não para mim... Não. Acho que vou ficar com as reticências... Pois permitem que eu dê continuidade ou até mesmo mude o rumo dessa história... Seja nossa, ou minha história. 

Camila C. Schossler

sábado, 14 de maio de 2011

Chuva

Acordo tarde... Ponho-me de pé e abro a janela ainda com a cara amassada. Lá fora, a chuva cai miúda, o céu cinza e um frio cortante. Lá e aqui. Dia para fazer-se “nada”. Talvez seja disso que eu precise. Pego um cobertor, um chocolate quente e sento-me em frente a ela. Mantenho os vidros fechados. A beleza da agua lavando tudo tornasse ainda mais bela e interrogativa quando sua intensidade aumenta... Deixo as perguntas me cercarem. A resposta não me pertence. Ouço a singela melodia que se forma. O vento batendo nas janelas e a chuva tocando o telhado. Pelo vidro já embaçado, vejo as arvores que parecem dançar no mesmo ritmo sincronizado. Momento perfeito para pensar e (re)pensar. Na vida. Nos sentimentos. Na realidade. Na fantasia. A bebida ajuda á aquecer, mas apenas superficialmente. O frio interno só cessa com boas recordações. Fixo meus olhos nas poças que se ondulam com o toque da chuva. O pensamento voa. Me pego com um sorriso no canto dos lábios. Aqueles de lado. Que vem sem avisar. Talvez a saudade não doa. Talvez... O que me corta agora é a minha insistência em tentar voltar a um lugar que não existe mais. Um espaço que já não me pertence. Meus lábios se serram novamente. Na boca o sabor amargo da impossibilidade. O frio volta e se instala em mim. Minhas pernas tornam a tremer. O congelar também dói. Mas o frio cortou-me tanto que a dor se anestesiou por si.  Ainda com o olhar vago, imóvel, sinto a tua falta me apertar tanto que se torna difícil à respiração. A vontade de você me adoece... Confesso que mesmo lutando para não pensar em ti, não tentei esquecer-te. Tenho medo. Medo de esquecer-me da cor dos teus olhos, do toque da tua pele, do teu cheiro, teu gosto. Talvez eu tenha medo da noite. Momento que a exaustão pela falta de sono quebra minhas defesas. Olho para mim. Enxugo meu rosto. Retomo minha postura. Ao menos aparentemente. No telefone uma nova mensagem. “Senti tua falta hoje”.  Sinto minhas pernas amolecerem. Deus. Sinto que não tenho “anticorpos” suficientes para isso. Pego meu peito e aperto até drenar toda a essência escura. Então, como uma esponja ele se enche de ar novo, puro. Volta a frenesie dessa doce droga que me tortura docilmente. Eu permito. Admito. És meu vicio.

Camila C. Schossler

Saudade

00h37min AM. Acabo de chegar em casa e sinto uma melancolia tomar-me. Paro no portão e olho para o céu, reparo que a muito não paro para admirar essa imensidão. Avisto poucos pontos longínquos e reluzentes. Atrevo-me a lembrar de estrelas cadentes, sempre fizera três pedidos para garantir, mas apenas de um  recordo-me... AMOR. Percebo que ainda ocupa todas as arestas, todos os espaços vazios e transborda. Bem e mal numa proporção sempre exagerada, não sei se fujo ou se permaneço ali. Sinto os primeiros pingos de chuva molhar meu rosto. Libero então um choro contido. Deixo-o verter e confundir-se com o chuvisco. Minha face torna-se tempestade. O nó já não me sufoca tanto. Embora minha fala ainda precise de um pouco de esforço para sair. Retorno. Olho á minha volta, ás pessoas que passam por ali, e á mim mesma para me certificar de que aquele ato não fora percebido de fato. Entro, ligo a ducha quente e deixo a agua lavar e levar qualquer vestígio que pudera ter sobrado. Enxugo-me e olho no espelho. Tento conter, mas gotas me escapam e percorrem meu rosto. Olhos encharcados. Não de tristeza, não. De saudade. Tento fingir que esta tudo bem. Conto os segundos para me esconder em baixo do cobertor. Finalmente me deito, fecho os olhos e tento esvaziar minha mente. Vejo tua imagem. Soletro teu nome. Em meio á um silêncio ensurdecedor as recordações mais nítidas sempre me parecem as mais inatingíveis. Passam-se mais alguns minutos, não sei precisar quanto. Sem perguntas. Sem respostas. Adormeço com a esperança de um novo dia. Mas acordo novamente sem sol na minha janela.  

Camila C. Schossler

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Marionete

.. O outono chega e com ele minhas dores. Ignoro os sinais, a ausência de falas, de atitudes. Sem emoções, sem toque, sem detalhes... Não sei mais nada sobre sobre você e esta cada vez mais dificil pensar em mim. Feito um corte recente, foi o que eu senti quando você sumiu. Era assim que eu te sentia e sinto. É como se eu estivesse em uma história contada, inventada. Um teatro de marionetes, onde meus movimentos são involuntários. Não consigo mudar nada ao meu redor, para falar a verdade, ultimamente não consigo mudar nada sobre mim. É tanto desencontro que eu não consigo me achar. Hoje eu choro com mais facilidade que ontem, embora eu queira me livrar dessa coisa dolorida no meu peito. Eu pinto, danço, escrevo... Tento me fundir na arte como posso, esse sempre fora meu refugio. Quando as coisas ficavam complicadas, ali eu conseguia fugir, me esconder. Mas até disso estou perdendo o controle. Não consigo mais sentir uma coisa só, é um misto que não da pra definir nada... Perdi um pedacinho do que era "essencial"... SENTIR. Um pequeno pedaço grande o suficiente para causar esse estrago enorme. Outra vez me entrego ao escuro, há coisas que minam minha claridade. Então eu me tranco onde eu possa tentar enxergar a verdade. Tenho que me manter acordada, lúcida. Não adianta, eu nasci para a realidade. Volto ao caminho com passos curtos, ainda dói perder o abrigo. Mas quem sabe um dia tu me permitas que meu abrigo seja você. Ai então, te mostrarei como posso te pintar mais feliz, dançar até você rir ou apenas escrever para que tu possas entender o meu sentir ...

Camila C. Schossler