sábado, 14 de maio de 2011

Chuva

Acordo tarde... Ponho-me de pé e abro a janela ainda com a cara amassada. Lá fora, a chuva cai miúda, o céu cinza e um frio cortante. Lá e aqui. Dia para fazer-se “nada”. Talvez seja disso que eu precise. Pego um cobertor, um chocolate quente e sento-me em frente a ela. Mantenho os vidros fechados. A beleza da agua lavando tudo tornasse ainda mais bela e interrogativa quando sua intensidade aumenta... Deixo as perguntas me cercarem. A resposta não me pertence. Ouço a singela melodia que se forma. O vento batendo nas janelas e a chuva tocando o telhado. Pelo vidro já embaçado, vejo as arvores que parecem dançar no mesmo ritmo sincronizado. Momento perfeito para pensar e (re)pensar. Na vida. Nos sentimentos. Na realidade. Na fantasia. A bebida ajuda á aquecer, mas apenas superficialmente. O frio interno só cessa com boas recordações. Fixo meus olhos nas poças que se ondulam com o toque da chuva. O pensamento voa. Me pego com um sorriso no canto dos lábios. Aqueles de lado. Que vem sem avisar. Talvez a saudade não doa. Talvez... O que me corta agora é a minha insistência em tentar voltar a um lugar que não existe mais. Um espaço que já não me pertence. Meus lábios se serram novamente. Na boca o sabor amargo da impossibilidade. O frio volta e se instala em mim. Minhas pernas tornam a tremer. O congelar também dói. Mas o frio cortou-me tanto que a dor se anestesiou por si.  Ainda com o olhar vago, imóvel, sinto a tua falta me apertar tanto que se torna difícil à respiração. A vontade de você me adoece... Confesso que mesmo lutando para não pensar em ti, não tentei esquecer-te. Tenho medo. Medo de esquecer-me da cor dos teus olhos, do toque da tua pele, do teu cheiro, teu gosto. Talvez eu tenha medo da noite. Momento que a exaustão pela falta de sono quebra minhas defesas. Olho para mim. Enxugo meu rosto. Retomo minha postura. Ao menos aparentemente. No telefone uma nova mensagem. “Senti tua falta hoje”.  Sinto minhas pernas amolecerem. Deus. Sinto que não tenho “anticorpos” suficientes para isso. Pego meu peito e aperto até drenar toda a essência escura. Então, como uma esponja ele se enche de ar novo, puro. Volta a frenesie dessa doce droga que me tortura docilmente. Eu permito. Admito. És meu vicio.

Camila C. Schossler

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