sábado, 14 de maio de 2011

Saudade

00h37min AM. Acabo de chegar em casa e sinto uma melancolia tomar-me. Paro no portão e olho para o céu, reparo que a muito não paro para admirar essa imensidão. Avisto poucos pontos longínquos e reluzentes. Atrevo-me a lembrar de estrelas cadentes, sempre fizera três pedidos para garantir, mas apenas de um  recordo-me... AMOR. Percebo que ainda ocupa todas as arestas, todos os espaços vazios e transborda. Bem e mal numa proporção sempre exagerada, não sei se fujo ou se permaneço ali. Sinto os primeiros pingos de chuva molhar meu rosto. Libero então um choro contido. Deixo-o verter e confundir-se com o chuvisco. Minha face torna-se tempestade. O nó já não me sufoca tanto. Embora minha fala ainda precise de um pouco de esforço para sair. Retorno. Olho á minha volta, ás pessoas que passam por ali, e á mim mesma para me certificar de que aquele ato não fora percebido de fato. Entro, ligo a ducha quente e deixo a agua lavar e levar qualquer vestígio que pudera ter sobrado. Enxugo-me e olho no espelho. Tento conter, mas gotas me escapam e percorrem meu rosto. Olhos encharcados. Não de tristeza, não. De saudade. Tento fingir que esta tudo bem. Conto os segundos para me esconder em baixo do cobertor. Finalmente me deito, fecho os olhos e tento esvaziar minha mente. Vejo tua imagem. Soletro teu nome. Em meio á um silêncio ensurdecedor as recordações mais nítidas sempre me parecem as mais inatingíveis. Passam-se mais alguns minutos, não sei precisar quanto. Sem perguntas. Sem respostas. Adormeço com a esperança de um novo dia. Mas acordo novamente sem sol na minha janela.  

Camila C. Schossler

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